quarta-feira, 29 de julho de 2015

É TARDE


É tarde e é de manhã
E já nasceu mais um dia
Não há uma esperança vã
E aumenta a agonia

É tarde porque eu agora
Deixei de sonhar, de viver
E tenho em cada aurora
Amarguras a nascer

É tão tarde que a ausência
De tantas palavras loucas
Já nem pedem a clemência
P'ra beijar as nossas bocas

Tardios são os desejos
Que partiram à procura
Dos doces e loucos beijos
De ti da tua ternura

E nesta tarde sombria
Não há sol no meu jardim
Foi-se embora a alegria
E é noite dentro de mim

É tarde sim meu amor
Que a minh'alma magoada
Já nem chora mais de dor
 Já não precisa de nada.

segunda-feira, 20 de julho de 2015

QUEM SOU


Pergunto-me quem eu sou
O que é que eu faço aqui
D'onde vim, p'ra onde vou
Porque ainda não parti

O porquê desta procura
Eu não encontro a razão
Navego na minha ternura
Nas ondas do coração

Das pedras deste caminho
Fiz amor para te dar
E de todo o teu carinho
Eu passei a respirar

Sou espelho da ilusão
Na pequenez do meu ser
Ou sou só um coração
Que sem ti não sei viver

Sou sonho que não vivi
Gémea de mim, desigual
Ternura que vejo em ti
Meu condimento, meu sal

Sou ave que em viagem
Procura o entardecer
Ou talvez uma miragem
Na aridez do meu ser.