sexta-feira, 3 de outubro de 2014

BATE LEVE, LEVEMENTE





































Bate leve, levemente
Na minha alma o sentir
Se bate tão docemente
Decerto que vai abrir

Bateu e até murmurou
Palavras que sem saber
Que a porta se fechou
Porque não as queria ler

Com a dor acaricia
A boca seca da vida
Mas a porta se desvia
Da rua anda perdida

Corre, grita pela rua
Bate com intensidade
Mas, a minha alma nua
Se vestiu com a saudade

Decide então jogar
A última dor que perdura
P'ra conseguir afogar
Neste mar de  amargura

Bate leve, mas que importa
E continua a bater
A minha alma está morta
E, já não há outra porta
Onde me possa esconder.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

ZANGUEI-ME


































Zanguei-me com a luz do dia
Com as estrelas o luar
Se eu estou tão sombria
Porque têm que brilhar

Zanguei-me com a saudade
Porque marcou meus caminhos
Não com rosas mas espinhos
Me roubou a mocidade

Zanguei-me com um Jesus
Por tanto lhe perguntar
Porque me deu esta cruz
E um coração para amar

Zanguei-me até com o mar
Pois me sinto tão perdida
Neste mar da minha vida
Não me consigo encontrar

Zanguei-me com a caneta
E, só vou voltar a escrever
Quando tu fores um cometa
No meu universo a arder.

terça-feira, 13 de maio de 2014

VOU DAR-TE A LIBERDADE

























Não te dou a liberdade
Porque me estás a prender
Com algemas de saudade
E me deixas a sofrer

Não te a dou porque agora
Já não consigo arrancar
Do meu peito esta demora
De te ver e de te amar

Liberdade não vais ter
Talvez se um dia então
Contigo eu vá viver
Dentro da minha prisão

És um anjo que ao voar
Com asas de tanta doçura
Consegues em mim limar
O sentido d'amargura

És alma repleta d'amor
Aberta de par em par
Que me acalenta a dor
E até me faz sonhar

Vou dar-te a liberdade
Para podermos abrir
O cofre da minha saudade
Com a chave do teu sentir.


terça-feira, 29 de abril de 2014

LÁ LONGE...





























Lá longe, onde o sol tem mais luz
a minha alma vagueia, perdida da minha cruz.

Lá longe, onde a brisa beija o mar
voa a minha ternura prontinha p'ra te abraçar.

Lá longe, no horizonte a florir
estendi o meu olhar e beijei o teu sentir.

Lá longe, onde começa o fim
Vou deixar este meu eu, para não voltar p'ra mim. 

Lá longe, onde o céu está a arder
Vou semear este amor para tu poderes colher.

Lá longe, onde a distância termina
Tão perto o teu amor, tão longe a minha sina.



quarta-feira, 9 de abril de 2014

NÃO PENSEI














Não pensei que eu um dia
Iria andar na vida
Coberta de nostalgia
E sem ter sonhos, perdida

Não pensei que a saudade
Em mim viesse ancorar
E que as dores da mocidade
Fizessem de mim seu mar

Não pensei ser sepultura
De tanta mágoa e dor
Pois eu só queria ternura
Carinho e muito amor

Ser estrada sem caminho
Eu juro que nunca pensei
Queria ser rosa sem espinho
E até nisso eu errei

Não pensei dar de comer
À fúria que existe em mim
E que ainda ia colher
Tanta dor no meu jardim

Não pensei que eras ladrão
E que me fosses roubar
A alma e o coração
P'ra loucamente te amar.


domingo, 23 de março de 2014

VERDE MANTO






































Verde manto fui vestir
Para ver se aquela cor
Combina com o meu sentir
Combina com o teu ardor

Pintei os olhos, carmim
Os lábios de rubra cor
E percorri teu jardim
Na promessa d'uma flor

E as borboletas que vi
Não eram da cor do manto
E juro que até senti
A alma ficar em pranto

Mas o verde é esperança
E passei a olhar então
Com olhos que em criança
Vestia a doce ilusão

De manto verde vestido
À praia te vou esperar
Quero-te louco, querido
E que te sintas perdido
Nas ondas deste meu mar

  

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

PRIMAVERA
























Procurei a Primavera
Todos os dias do mês
Porque estou à tua espera
P'ra te abraçar outra vez

Procurei no meu jardim
Numa  flor a despontar
Mas sei que é dentro de mim
Que tenho que procurar

No sol, na lua, no mar
Também andei à procura
Só vi a brisa a passar
E nem sinal de ternura

Fui procurar num poema
Adornado a malmequeres
Foi maior o meu dilema
Pois sei qu'ainda me queres

Fechei meus olhos e vi
O tempo inteiro a correr
Só me falava de ti
Do teu sentir do teu ser

E agora que vai chegar
A Primavera a valer
Sei que a vou encontrar
Num jardim qualquer lugar
Mas é a ti que quero ver.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

BEBI

Bebi o chá d'amargura
Da dor da desilusão
E sofri de indigestão
Com o da falsa ternura

Bebi da água do mar
Com rosas do meu jardim
Num agridoce sem par
Com espinhos sem ter fim

Bebi castelos dourados 
Estrelas do firmamento
E adormeci ao relento
Em sonhos desgovernados

Bebi sonhos, ilusões
Para conseguir sonhar
Mas andei aos trambolhões
E neles não pude entrar

Bebi o sal dos meus olhos
Por tanto eu te querer
E a agonia aos molhos
Por a ti mãe não te ver

Bebi a tua doçura
Mas agora já não sei
Se acaso me envenenei
De amor e de ternura.

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

FOI-SE O SOL...


























Foi-se o sol deitar mais cedo
Para eu poder brilhar
E amar-te em segredo
Nesta noite de luar

Foi-se toda a amargura
P'ra longe o vento a levou
Para soltar a ternura
Que fechada a vida passou

Foi levada a nostalgia
P'las estrelas a brilhar
Deixaram-me a ousadia
Com laço para te ofertar

Ao de leve veio a brisa
Pés de lã devagarinho
P'ra me deixar sem camisa
Deslizar no meu corpinho

Rebelde então veio o mar
Para o meu corpo cobrir
D'espuma do seu ondular
E salgar o meu sentir

Foi-se o sol e foi a lua
Já nos podemos amar
Tu és meu e eu sou tua
Como a noite é do luar.