Fechada dentro de mim
E p'la vida enclausurada
Deixei morrer meu jardim
E de flor já não sou nada
Fechada da luz do dia
Já nem a olho de frente
E vivo nesta agonia
No futuro e no presente
Fechada está a amargura
Que não consegue sair
E ás vezes noite escura
Bate à porta do sentir
Fechados os sonhos meus
Nunca a porta lhes abri
P'ra não saberem dos teus
E, nem me falarem de ti
Fechados os meus desejos
À saída lhes pus fim
Pois ao sentirem teus beijos
Quiseram fugir de mim
Fechada morro lentamente
Entre estas paredes sem cor
Sem viver o meu presente
E sem ter o teu amor
E nesta porta fechada
Em que a vida me fechou
Dela já não tenho nada
E de mim já nada sou.