terça-feira, 17 de dezembro de 2013

PAIRA NO AR...













Paira no ar a crescer
O cheiro de que é Natal
E muitos para comer
Só têm o cheiro igual

Paira no ar a dor
Desalento e amargura
E se já não há amor
Também falta a ternura

Pairam os sonhos vendados
Da juventude a cair
De um país desgovernado
Que os obriga a partir

Paira até o reformado
 No fim da vida só herda
Uma reforma de merda
E ainda é descontado

Paira a fome e a crescer
A revolta e a fadiga
Que não enchem a barriga
Mas temos de as comer

Pairam justiça, verdade,
Para quem tanto roubou
Pavoneiam-se à vontade
E tiram-nos sem caridade 
O pouco que nos sobrou.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

DESTE-ME






















Deste-me sonhos eu sei
Que nunca ousei sonhar
E agora que eu sonhei
Queres os sonhos roubar

Deste-me alma e vida
Delírios para beber
Agora me sinto perdida
Sem razão para viver

Deste-me um beijo enleado
Nas mágoas deste meu ser
Que abraça amargurado
O jardim do meu viver

Deste-me um vazio p'ra eu
Não poder sequer sonhar
Não sentir um beijo teu 
E não te poder amar

Deste-me o silêncio em grito
Mas só eu o pôde ouvir
E por vezes acredito
Que é p'ra calares o aflito
Do louco do teu sentir.

domingo, 15 de setembro de 2013

ESPERO-TE



Espero-te linda aurora
Na praia da formosura
Navegando borda fora
Num veleiro de ternura

Espero-te no meu convés
Vestida de branco linho
P'ra navegar lés a lés
Nas ondas do teu corpinho

Espero-te na praia nua
Enleada na areia
Vestida da luz da lua
P'ra ser a tua sereia

Espero-te na nostalgia
Que me espreita sem jeito
Deixando a agonia
A bailar dentro do peito

E até nas asas do vento
Eu te espero meu amor
Acaba-me com o tormento
Desta espera por favor

Espero-te na enseada
Dos sonhos e dos desejos
Pois a saudade, a danada
Só quer ser alimentada
Pelo sabor dos teus beijos.

sábado, 17 de agosto de 2013

LEILÃO







































Fiz um leilão do sentir
Para ver quem dava mais
E acabei por descobrir
Que nada valem os ais

Leiloei a amargura
E toda a minha dor
Mas só queriam ternura 
E recebiam amor

Então eu fui leiloar
A saudade que há em mim
Mas ninguém a quis comprar
Pois não lhe viam o fim

Perdida nesse leilão
Então eu tentei vender
A alma e o coração
Que só me fazem sofrer

Fui leiloar os teus beijos
Mas alguém queria agarrar
As loucuras e os desejos
Que tu tens para me dar

Teu sentir fui leiloar
Pois queria saber também
Quem te iria comprar
Mas no fim fui rematar
Tu és meu de mais ninguém.

quarta-feira, 17 de julho de 2013

VESTI
















Vesti minh'alma sombria
Com teus poemas d'amor
E despi esta agonia
Que me cansava de dor

Vesti a luz do luar
Porque à noite eu queria
Ser estrela a brilhar
À luz da tua ousadia

Vesti as horas vadias
Com pétalas do teu ardor
E acabei passando os dias
A sonhar contigo amor

Vesti a luz dos meus olhos
Com ânsias do teu sonhar
Guardei carícias aos molhos
Banhadas com o teu mar

Vesti-me com os teus beijos
Que a tua boca me deu
Meu corpo com teus desejos
E o meu coração com o teu

E agora tão bem vestida
Não vou mais a roupa tirar
Que o teu sentir é guarida 
De mim em qualquer lugar.

sexta-feira, 28 de junho de 2013

DÁ-ME UM POEMA



































Dá-me um poema singelo
Que tenha a simplicidade
Do malmequer amarelo
E do sentir a saudade

Dá-me um poema bordado
Onde a minha nostalgia
Esteja em espaço fechado
P'ra sair a ousadia

Um poema p'ra beber
Em gotas de desalinho
A deslizar com prazer
Nas ondas do meu corpinho

Dá-me um poema rasgado
Para eu acabar então
O puzzle que tenho guardado
Dentro do meu coração

Dá-me um que seja rosa
Para eu te desfolhar
O doce da tua prosa
Nas pétalas do teu olhar

Dá-me um poema qualquer
Mas dá-me depressa a correr
Onde eu me sinta mulher
E tu poeta a valer

Dá-me um poema sentido
Nas ondas desse teu mar
Onde te sintas perdido
E eu me possa encontrar.


sábado, 1 de junho de 2013

AUSENTE



















Estou ausente de tudo
Que me possa magoar
Tenho o meu grito já mudo
E o meu silencio a gritar

Estou ausente da vida
Tão cheia de amargura
Que me faz sentir perdida
Falta-me a tua ternura

Ausente dos sonhos meus
É assim que vou andar
Do brilho dos olhos teus
Que tanto me faz penar

Estou ausente do mundo
Para não ter que escutar
O meu sentir mais profundo
Sempre por ti a chamar

Ausente estou de ti 
Porque assim quiseste amor
Meu coração já não ri
E minh'alma sente dor

Estou ausente de mim
Para não ter que assistir
Ao caos deste meu jardim
E à morte do meu sentir.

terça-feira, 2 de abril de 2013

JÁ NÃO SOU EU


























Já não sou eu a criança
Que um dia andou à procura
De um fio de esperança
E de um pingo de ternura

Já não sou eu que tão nua
De afectos e de alegria
Com medo da luz da lua
Da sombra que me seguia

Já não sou eu a chorar
Triste na noite escondida
Com saudades de abraçar
A avó da minha vida

Já não sou a adolescente
Que o amor de mãe procura
Que um dia ficou diferente
De saudade e de amargura

Já não sou eu já é ela
A vida  me encurralou 
Que me pregou a janela 
E a porta me fechou

Talvez seja eu agora
Que já não consigo ver
A luz que tem a aurora
E que me obriga a viver.


terça-feira, 19 de março de 2013

FECHADA


Fechada dentro de mim
E p'la vida enclausurada
Deixei morrer meu jardim
E de flor já não sou nada

Fechada da luz do dia
Já nem a olho de frente
E vivo nesta agonia
No futuro e no presente

Fechada está a amargura
Que não consegue sair
E ás vezes noite escura
Bate à porta do sentir

Fechados os sonhos meus
Nunca a porta lhes abri
P'ra não saberem dos teus
E, nem me falarem de ti

Fechados os meus desejos
À saída lhes pus fim
Pois ao sentirem teus beijos
Quiseram fugir de mim

Fechada morro lentamente
Entre estas paredes sem cor
Sem viver o meu presente
E sem ter o teu amor

E nesta porta fechada
Em que a vida me fechou
Dela já não tenho nada
E de mim já nada sou.


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

ESTA NOITE
























 Esta noite sou luar
E até estrela cadente
Que se aninha a brilhar
No teu peito docemente

Esta noite sou a flor
Que se recusou a abrir
E só floriu ao calor
Do jardim do teu sentir

Esta noite sou poema
Bordado a fio de dor
Que não quer o seu dilema
E só quer o teu amor

Talvez esta noite eu seja
O que nunca fui outrora
No teu sentir que me beija
Na luz dessa tua aurora

Esta noite vou voar
Em asas de liberdade
Para os desejos matar
Para matar a saudade

Esta noite a amargura
Vou afogar em ardor
Em bandeja de doçura
No mar da minha loucura
Só para ti meu amor.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

FIZ


































Fiz das tripas, coração
Como a Luz me sugeriu
Para elevar a emoção
Na proa do meu navio

Fiz do meu sentir diferente
Daquilo que hoje eu sou
P'ra ver se ainda sou gente
Ou se acaso já não estou

Fiz da minha nostalgia
Um vestido p'rá ternura
Mas esqueci qu' amargura
De mim também se vestia

Fiz sonhos que tão dourados
Brilhavam no firmamento
Mas esqueci-me do vento
Por ele eram fustigados

Fiz do Sol o meu encanto
Do mar a minha paixão
E da saudade um manto
De dor e desilusão

Fiz do acaso dum dia
Quando os teus olhos vi
Um vestido de ousadia
Que mal acaba o dia
Eu visto só para ti.

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

ABRAÇA-ME

Abraça-me a noite escura
Para de mim esconder
A dor e a amargura
Que só me fazem sofrer

Abraça-me a nostalgia
Até alta madrugada
E abraça-me a ironia
Da vida tão descarada

Abraça-me a amargura
Que de tanto me apertar
Tem uma volta tão dura
Que me faz faltar o ar

Abraça-me a solidão
Dia a dia hora a hora
Deixando o meu coração
A navegar na aurora

Abraça-me o mar sereno
Para me vir segredar
Que este mundo é pequeno
E tão grande a ensinar

Abraça-me com ardor
Porque eu quero descobrir
Se o teu abraço amor
Enleia este meu sentir.