domingo, 27 de maio de 2012

SÃO OS DIAS SÃO AS HORAS


São as horas tão sombrias
Que me atormentam os dias
Em rasgos de solidão
É a angústia que em mim
Se entranhou não tem fim
No mar do meu coração

É a minh'alma que agora
Acorda a bela aurora
E não a deixa dormir
É a lua que me vela
Me espreita p'la janela
Ilumina o meu sentir

E a minha amargura
Se esconde na noite escura
Só para me enganar
E esta dor que em mim canta
Fica presa na garganta
Prontinha a me sufocar

São os dias são as horas
Saudades feitas demoras
Que me fazem padecer
São as mágoas é a vida
Que me faz sentir perdida
E não me deixa viver.

sábado, 19 de maio de 2012

QUEM FOI?































Quem foi que me fez poema
Nas asas deste meu mar
Me transformou em dilema
Só p'ra não poder voar

Quem me deu esta saudade
E o direito de assim viver
Deu-lhe a eternidade
Só p'ra ela não morrer

E quem me deu a amargura
Decerto não conhecia
O caminho da ternura
Nem o brilho da alegria

Quem é que me deu os sonhos
E se esqueceu de avisar
Que os pesadelos medonhos
Não deixam ninguém sonhar

Quem me deu a cruz então
Que eu ando a carregar
Não me ensinou a oração
Para eu poder rezar

Quem foi que me deu um beijo
E não me ousou dizer
Que deixava um desejo
No meu sentir a bater.

quinta-feira, 10 de maio de 2012

CONFESSO



























Confesso que sou a brisa
Que quando ias na rua
Até abriste a camisa
P'ra me sentires toda tua

Confesso que sou poema
Escrito com amargura
E que banho o meu dilema
No rio da tua ternura

Confesso que sou saudade
Enroscada no teu peito
E vivo na ansiedade
Nas margens desse teu leito

Confesso sim que matei
A sede com os teus beijos
E o teu sentir empunhei
Para matar meus desejos

Confesso que ao estar
Tão longe de ti assim
Tenho o ciume a lavrar
O chão deste meu jardim

Confesso a culpa então
Porque eu roubei de ti
A alma e o coração
Com amor sofreguidão
E não mais os devolvi.

quarta-feira, 2 de maio de 2012

GOSTAVA


Gostava de poema ser
Para ver no teu olhar
A delícia e o prazer
De uma leitura a rolar

Gostava de ser saudade
No teu peito a escorrer
Em gotas de eternidade
Para eu todas beber

Gostava de ser luar
Quando estivesses no leito
P'la tua janela entrar
Me aconchegar no teu peito

Gostava de ser um beijo
P'ra sentir no teu corpinho
A loucura e o desejo
Em completo desalinho

Gostava de um sonho ser
P'ra quando fosses dormir
Eu amar-te com prazer
Na loucura do sentir

Gostava de ser o ar
Que respiras com fervor
Para no teu corpo entrar
E inundar-te de amor

Gostava de ser diferente
Porque este meu mar sem fim
Me arrasta na corrente
Sempre à deriva de mim.