sábado, 25 de fevereiro de 2012

É NO CAIS DO TEU OLHAR

É no cais do teu olhar
Que vão atracar os meus
Quando te querem roubar
Toda a loucura dos teus

É no cais do teu sentir
Que a minha alma deitada
Faz teus desejos abrir
Na sedosa madrugada

É no cais da solidão
Que me sinto naufragar
Quando esse teu coração
Está longe deste meu mar

E se entro no da amargura
Este meu mar se agita
Se revolta e até grita
P'lo mar da tua ternura

Pode ser tarde à partida
Mas virás a todo o vapor
Para atracares de seguida
Neste cais do meu amor

E é no cais do teu olhar
Que minha vela vai abrir
Para em ti desfraldar
No sal do teu ondular
As marés do meu sentir.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

CHORA

Chora tanto o meu sentir
Em nostalgia dobrada
Que não consigo dormir
Com a alma tão molhada

Chora até a minha dor
Que cedo se esqueceu
Do fogo que tem o amor
De saudade adormeceu

Chora a dura tristeza
Porque quando quer cantar
Há sempre alguém com certeza
Que a vai fazer chorar

Chora a linda alegria
Pois quando se está a rir
Entra logo a nostalgia
Na certeza do sentir

E esta minha amargura
Quando está a naufragar
Quer agarrar-se à loucura
E desata a chorar

E choram também os sonhos 
Que não conseguem voar
Porque os pesadelos medonhos
Os querem logo matar

Chora também o amor
Porque tão tarde aprendeu
Que o sentir se findou
E o corpo já morreu.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

ABRO OS BRAÇOS

P'ra que quero um coração
Se dentro deste meu ser
Eu tenho a condenação
De sem ti ter que viver

P'ra que quero a alegria
Se não vejo o teu olhar
E fico nesta agonia
De não te poder amar

P'ra que quero a esperança
Se dentro do peito meu
Chora sempre a lembrança
Do sabor dum beijo teu

P'ra que quero eu escrever
Pois não sei se a seguir
Acaso me virás ler
Ou se rasgas meu sentir

P'ra que quero a solidão
Se no meio deste frio
Deixei secar o meu rio
Mas os sonhos esses não

Abro os braços à ternura
Porque a saudade só quer
Vestir a tua loucura
No meu corpo de mulher.