quinta-feira, 27 de outubro de 2011

PEDI



Pedi sonhos e lembranças
Sorrisos ternura e calor
Para todas as crianças
Que não tiveram amor

Pedi pão p'ra toda a gente
Um tecto para pernoitar
E p'ra quem está doente
O bálsamo para se curar

Pedi razão para o louco
Porque aquele com juízo
Acha sempre que tem pouco
E que de mais tem preciso

Pedi paz, justiça, verdade,
Horas amargas sombrias
Para quem passa os dias
A "ceifar" a humanidade

E p'ra quem está a viver
Dias contados má sorte
P'ra esses pedi a morte
Porque estão a sofrer

Nada pedi para mim
E ao olhar p'rá minha mão
Nela abriu um jasmim
Com a alma de cetim
Que me adoça o coração.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

ÁS VEZES


Ás vezes sou a saudade
Que a amargura cantou
Outras sou a mocidade
Que na alma me marcou

Ás vezes sou um poema
Bordado a nostalgia
Outras eu sou o dilema
Da noite que se faz dia

Ás vezes sou vento norte
No silêncio em tarde fria
Outras então sou a sorte
Que deixa minh' alma vazia

As vezes eu sou o luar
Que beija os lábios teus
E que te deixa ao beijar
O gosto dos lábios meus

Ás vezes sou a ternura
Semeada em teu jardim
E outras sou a loucura
Que não sabia em mim

Ás vezes sou borboleta
Que voa à tua procura
E transforma o teu planeta
Em desejos e loucura

Mas hoje não quero ser
Nem amargura nem dor
Com ternura e com prazer
Serei linhas do escrever
Do teu poema de amor.


sábado, 1 de outubro de 2011

TENHO



Tenho uma vida sem vida
Nas mágoas do meu andar
Pois se nela estou perdida
Não sei como me encontrar

Piso as pedras calada
Na busca de direcção
Sinto que não tenho nada
Mas tenho tudo na mão

Tenho um diabo uma cruz
Dentro de mim o inverno
Um Judas feito Jesus
E um céu que é um inferno

Tenho amarga sinfonia
Que nunca ninguém escreveu
Que me toca todo o dia
Mágoas que a vida me deu

Tenho a mim amarrada
A amargura que sou
Quem diz que não tenho nada
Decerto se enganou

E tenho dentro de mim
Guardado p'ra ninguém ver
Amor que não tem mais fim
E, que comigo vai morrer.