quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

NASCI




Nasci num Inverno sombrio
À sombra da nostalgia
Sequei-me na água dum rio
De tristeza e de agonia

Procurei na solidão
Amarras para o meu ser
E alberguei no coração
Migalhas do meu viver

Abortei a felicidade
Para abraçar a amargura
E fiz chorar a saudade
Só para não dar ternura

Percorri a imensidão
De sonhos ainda por abrir
Amarrei no coração
As mágoas do meu sentir

Mas afinal descobri
No meio de tanta dor
Que eu nasci para ti
Para te amar meu amor.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

TALVEZ




Talvez seja a luz do dia
Que entrou no meu olhar
Me acertou na nostalgia
E fez a menina chorar

Será talvez a saudade
Quando me apanha a dormir
Me dá banhos de ansiedade
E molha o meu sentir

Ou talvez quando à noitinha
Eu olho para o luar
Vejo a tua figurinha
Prontinha p'ra me abraçar

Ou será talvez a dor
Que me cobre com seu manto
Por te não ter meu amor
Me salpica com seu pranto

Ou então é da ansiedade
Que me dói o coração
Mas se acaso é verdade
Mereces a puniçao

Terás então p'ra castigo
Quando esse dia chegar
Loucura que anda comigo
O meu corpo sem abrigo
E o meu sentir p'ra te amar.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

NÃO QUERO MAIS ACORDAR


Não quero mais acordar
Porque sei que te não vejo
Para não ter que amarrar
A força do meu desejo

Para não ter que sentir
Na minh'alma a solidão
Pois eu não quero vestir
O sonho com a ilusão

Não quero mais acordar
No meio da hipocrisia
Onde atiram para o ar
Sorrisos sem alegria

Onde sem voz vão cantar
A paz e todo o amor
Para depois espalhar
Rios de tristeza e dor

Não quero acordar agora
Porque cá dentro de mim
Está o Natal d'outrora
Que foi tão triste e ruim

Só quero acordar então
Quando sentir teu calor
Bem junto ao meu coração
Dar asas à nossa paixão
Nos teus braços meu amor.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

DESPI-ME


Fotografia: Martin Zurmuehle

Despi-me de nostalgia
Só para te receber
Adornei-me de alegria
P'rá tua alma reler

Deitei-me no teu sorriso
Naveguei no teu olhar
E descobri que preciso
Amar-te para sonhar

Na alma pintei então
A doçura dos teus beijos
E junto ao teu coração
Eu pincelei meus desejos

A ponto pé-de-flor
Teu nome no meu enleei
E com as linhas do amor
Os nossos sentires bordei

E no mar da amargura
Onde estava a morar
Abracei tua ternura
E nela ousei voar

Despi-me e então usei
O vestido da verdade
Por ruas e becos andei
E como não te encontrei
Então morri de saudade.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ÉS A MINHA GOTA D'ÁGUA


No mar da minha ilusão
Vou emergindo sem ver
Se o meu pobre coração
Deixou ou não de sofrer

E assim em cada braçada
Fico parada, dolente
Pois sei que esta estrada
Me vai matar lentamente

E ao olhar o horizonte
Descubro algo a brilhar
Será um rio, uma fonte
Que me está a chamar

E a cada passo que dou
Dispara o meu sentir
Desconheço onde estou
E onde me vou dirigir

Fechei os olhos e abri
Sem querer acreditar
Que eras o rio que aqui
P'ra mim estava a brilhar

És a minha gota d'água
Que deslizou no meu ser
Enterrou a minha mágoa
E me ensinou a viver.