quinta-feira, 28 de outubro de 2010

QUERO



Quero fugir de mim não ser mais eu.
Quero olhar-me ao espelho, sem ver nele reflectida, toda a dor e toda a angústia de uma vida sem rumo.

Quero ver nascer o Sol no horizonte, e nele sentir todo o amor e toda a esperança que não tive.
Quero ler no vazio do meu ser, a dor que me vai na alma.

Quero gritar bem alto aos quatro ventos, a migalha que hoje sou.
Quero amar perdidamente, até agarrar toda a palavra e, nas minhas mãos abertas, esmagá-la contra o peito, dos que não sabem amar.

Quero ser ódio, amargura, tristeza, alegria,
Quero ser morte, quero ser vida,
Quero ser mulher perdida.
Quero ser tudo, tudo!

Só não quero ser quem sou...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

COM A LUZ DO TEU CORAÇÃO



Com a luz do teu coração
Meu sentir iluminei
E com as pedras do chão
A saudade apedrejei

Fechei à chave a amargura
A cadeado, minha dor
Fiz um berço prá ternura
E um ninho pró amor

A químico então passei
O desenho do teu ardor
E dele então roubei
Muito carinho e amor

Em peso pró alto mar
Carreguei a solidão
E bem à luz do luar
Abandonei-a então

Lá deixei horas sombrias
Juntinho com a solidão
E agora guarneço os dias
A construir alegrias
Com a luz do teu coração.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

QUERIA


Queria sonhar acordada
P'ra ver o tempo parar
Percorrer aquela estrada
Que eu nunca ousei andar

Queria ter o direito
Ao amor e ao carinho
Cortar amarras do peito
Ter seguido outro caminho

Ter força p'ra deitar fora
O que me causa amargura
E ver o romper d'aurora
Nas asas da tua ternura

Queria ver nascer o sol
Deitada no areal
Envolta no teu lençol
Provar assim o teu sal

E quem um dia me feriu
Eu queria tanto odiar
E até quem me pariu
Queria ter direito a amar

Queria sentir teu calor
Nos teus beijos navegar
Mas já não sei meu amor
Se tenho amor p'ra te dar.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

ESTRADA DA VIDA


Estrada que á partida
Comandas por tradição
A minha história de vida
Meu sentir, meu coração

Nunca me deste a escolher
Se amor materno eu queria
Mas obrigaste-me a querer
Amargura a cada dia

Semeaste dentro de mim
Tanta, mas tanta amargura
Foi controverso enfim
Pois só cresceu a ternura

Feriste este meu sentir
Me atiraste á solidão
Mas dela consegui saír
E salvar meu coração

Deste-me rimas marcadas
Deste-me prosa em vão
Sem rima eu não sou nada
Em prosa sou solidão

E desta estrada da vida
Levarei para recordar
Ser mãe, a mais querida
A lembrança mais vivida,
Um doce amor e o mar.