segunda-feira, 27 de setembro de 2010

FANTASIA DA VERDADE



Fantasiei a saudade
Mascarei-a de doçura
Depois vesti a maldade
Com lacinhos de ternura

Mascarei a solidão
E dei-lhe por companhia
Um belo de um coração
Que um poeta não queria

Á morte vesti-a de vida
Dei-lhe dias p'ra contar
E até dei à despedida
Uma chegada ao luar

Vesti então a ousadia
De sonhos que não são meus
Maquilhei a luz do dia
Com a luz dos olhos teus

Desfiz na água do mar
O mel, da tua doçura
Tomei banhos p'ra ficar
A transbordar de ternura

Quis mascarar-me por fim
E vi que na realidade
Estou mascarada de mim
Fantasia da verdade.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

ACORDA-ME PARA A VIDA




Perdi a rima na tua procura
e, nas asas de um sonho lindo, vi-te delirante
na prosa de mim.

Desci o vale encantado do teu corpo
e nele semeei a minha ternura.
Plantei lírios de desejos
nos teus olhos, em ondas feitas loucura
e reguei-as com a seiva
da minha ousadia.

Rebentei o sonho
e extravasei as marés de mim.
Cortei as amarras do meu querer
e, para ti, incendiei o vale dos meus desejos.

Abri os meus braços
ao vazio deste meu sentir
e neles te recebi em extase e emoção.
Se acaso é verdade, adormece-me a alma.
Mas se é sonho, então amor, acorda-me para a vida.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

QUEM SOU?


Pergunto-me quem eu sou
O que é que eu faço aqui
D'onde vim, p'ra onde vou
Porque ainda não parti

O porquê desta procura
Eu não encontro a razão
Navego na minha ternura
Nas ondas do coração

Das pedras deste caminho
Fiz amor para te dar
E de todo o teu carinho
Eu passei a respirar

Sou espelho da ilusão
Na pequenez do meu ser
Ou sou só um coração
Que sem ti não sei viver

Sou sonho que não vivi
Gémea de mim, desigual
Ternura que vejo em ti
Meu condimento, meu sal

Sou ave que em viagem
Procura o entardecer
Ou talvez uma miragem
Na aridez do meu ser.

Rosa-branca

terça-feira, 7 de setembro de 2010

NO CALOR DOS BRAÇOS TEUS



No calor dos braços teus
Quero viver e sonhar
E nos carinhos dos meus
Quero que escutes o mar

Juntinho ao teu coração
Fecho os olhos p'ra não ver
A loucura que a paixão
Deixa meu corpo a arder

Navego na minha ousadia
Desfigurando o sentir
Dedilho com alegria
O teu corpinho a dormir

Acorrento minhas marés
Só para tu não saberes
Que te quero, como és
Mesmo sem nada escreveres

Mas foi nesse teu sentir
Que a minha alma lavei
E vi meu desejo a abrir
Com ardor que nem eu sei

E na lareira dos sentidos
Eu vou arranjar maneira
De viver sonhos perdidos
Contigo nessa fogueira.