segunda-feira, 31 de maio de 2010

SE TU FOSSES UM FAROL



Se tu fosses um farol
Decerto não me perdia
Brilhavas, mesmo sem sol
No nevoeiro eu te via

Ao vento que te seduz
Tu dirias p'ra me dar
Um pouco da tua luz
Para a minh'alma brilhar

Ao sol que te encandeia
Pedirias seu calor
Para me dares amor
Nas noites de lua cheia

Ao longe, junto do mar
Me mandavas um sinal
Para eu atravessar
E ir provar o teu sal

Voarias com o vento
Com asas de luz e côr
Guiarias com fervor
Ao leme, meu barco lento

Serias a minha luz
Meu reflexo, minh'imagem
A alma que me seduz
A sede d'uma miragem

Sem seres farol,nem nada
Sem brilho, talvez sem côr
Eu me perdi meu amor
Na tu'alma iluminada.

terça-feira, 25 de maio de 2010

ABRI A MINHA JANELA



Abri a minha janela
Para entrar o luar
Entrou a lua mais bela
E á cama me foi beijar

A seguir entrou a brisa
Docemente a saltitar
Apanhou-me sem camisa
E me fez arrepiar

Quis entrar a alegria
A tristeza não deixou
A seguir a agonia
E a janela se fechou

Voltei a janela a abrir
Dei de caras co'a saudade
Deixei a agonia partir
E fiquei mais á vontade

Então entrou o amor
Incrédula, nem me mexi
Tão belo e sedutor
Que a ele não resisti

E na bela madrugada
A porta entreabri
Deixei a janela fechada
E, docemente adormeci.



segunda-feira, 17 de maio de 2010

NA CORTINA DOS MEUS SONHOS



Na cortina dos meus sonhos
Nas águas sempre correntes
Há sonhos de amor presentes
E há pesadelos medonhos

Há desamor, nostalgia
Em ondas feitas espuma
Na sombra daquela bruma
Que se desfez com o dia

Há silêncio e há saudade
Dum passado que foi meu
Das mágoas sem idade
E dum amor que morreu

Há cansaço de um viver
Que me faz cansar da vida
Sentimentos a perecer
Rasgos de vida vazia

Mas algo guardo no peito
Esse, não morreu pela raíz
Um sonho embora desfeito
Saber se tenho direito
De amar e ser feliz.

terça-feira, 11 de maio de 2010

ANDEI Á MINHA PROCURA



Andei á minha procura
P'las ruas onde nasci
Percorri minha amargura
Da procura, nada vi

Fui procurar na alegria
No sonho, no sofrimento
Só encontrei foi tormento
De sonhos estava vazia

Então passei p'la saudade
P'la rua e p'lo meu jardim
Perguntei á mocidade
Se havia sinal de mim

Fui aos sonhos de criança
Mas sabia de antemão
Que qual fosse a lembrança
Me feriu o coração

Andei á deriva no mar
Destas minhas ilusões
Mas só sofri decepções
Pois não me fui encontrar

E nesta procura de dor
De tanto procurar enfim
Encontrei-te meu amor
No que restava de mim.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

NA PRAIA DESERTA



Na praia deserta, eu digo-te adeus
Nas ondas do mar, envoltas em espuma
Eu deixo os beijos, os meus e os teus
E as nossas carícias, entrego-as á bruma

Em sonhos perdida, nessa imensidão
Percorro a maré, á tua procura
Navego nas ondas do meu coração
E cedo a minh'alma á tua ternura

E quando á noitinha estiver à janela
Á lua eu vou, deixar meus desejos
Te vai entregar da tua cinderela
Carícias amor e até os meus beijos

E quando de manhã a aurora chegar
Na cama deitada, sem o teu calor
Navego nas ondas do teu acordar
E acordo sonhando contigo amor.


sábado, 1 de maio de 2010

GOSTO




Gosto dos sonhos lavados
Com a água do teu mar

Teus cabelos penteados
Nos meus dedos a deslizar

Gosto da maré vazia
Da chuva, do pôr do sol
Do carvalho, da maresia
Enleada n'um farol

Gosto da chuva a caír
Das estrelas, do luar
D'uma criança a sorrir
E das ondinhas do mar

Da brisa da ventania
A bater leve no rosto
Da alegre sinfonia
Das gaivótas ao sol posto

Gosto da flor campestre
Pintada, mas sem pincel
De transformar o agreste
Em doçura como o mel

E gosto da nostalgia
Embora me faça sofrer
Do sol, da luz do dia
E até do anoitecer

Gosto até do horizonte
Colorido e multicor
Das silvas e água da fonte
E dos versinhos d' amor

Gosto do frio do calor
Dos livros que ninguém lê
E gosto de ti amor
Embora não saiba porquê.