quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

NASCI




Nasci num Inverno sombrio
À sombra da nostalgia
Sequei-me na água dum rio
De tristeza e de agonia

Procurei na solidão
Amarras para o meu ser
E alberguei no coração
Migalhas do meu viver

Abortei a felicidade
Para abraçar a amargura
E fiz chorar a saudade
Só para não dar ternura

Percorri a imensidão
De sonhos ainda por abrir
Amarrei no coração
As mágoas do meu sentir

Mas afinal descobri
No meio de tanta dor
Que eu nasci para ti
Para te amar meu amor.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

TALVEZ




Talvez seja a luz do dia
Que entrou no meu olhar
Me acertou na nostalgia
E fez a menina chorar

Será talvez a saudade
Quando me apanha a dormir
Me dá banhos de ansiedade
E molha o meu sentir

Ou talvez quando à noitinha
Eu olho para o luar
Vejo a tua figurinha
Prontinha p'ra me abraçar

Ou será talvez a dor
Que me cobre com seu manto
Por te não ter meu amor
Me salpica com seu pranto

Ou então é da ansiedade
Que me dói o coração
Mas se acaso é verdade
Mereces a puniçao

Terás então p'ra castigo
Quando esse dia chegar
Loucura que anda comigo
O meu corpo sem abrigo
E o meu sentir p'ra te amar.

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

NÃO QUERO MAIS ACORDAR


Não quero mais acordar
Porque sei que te não vejo
Para não ter que amarrar
A força do meu desejo

Para não ter que sentir
Na minh'alma a solidão
Pois eu não quero vestir
O sonho com a ilusão

Não quero mais acordar
No meio da hipocrisia
Onde atiram para o ar
Sorrisos sem alegria

Onde sem voz vão cantar
A paz e todo o amor
Para depois espalhar
Rios de tristeza e dor

Não quero acordar agora
Porque cá dentro de mim
Está o Natal d'outrora
Que foi tão triste e ruim

Só quero acordar então
Quando sentir teu calor
Bem junto ao meu coração
Dar asas à nossa paixão
Nos teus braços meu amor.

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

DESPI-ME


Fotografia: Martin Zurmuehle

Despi-me de nostalgia
Só para te receber
Adornei-me de alegria
P'rá tua alma reler

Deitei-me no teu sorriso
Naveguei no teu olhar
E descobri que preciso
Amar-te para sonhar

Na alma pintei então
A doçura dos teus beijos
E junto ao teu coração
Eu pincelei meus desejos

A ponto pé-de-flor
Teu nome no meu enleei
E com as linhas do amor
Os nossos sentires bordei

E no mar da amargura
Onde estava a morar
Abracei tua ternura
E nela ousei voar

Despi-me e então usei
O vestido da verdade
Por ruas e becos andei
E como não te encontrei
Então morri de saudade.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

ÉS A MINHA GOTA D'ÁGUA


No mar da minha ilusão
Vou emergindo sem ver
Se o meu pobre coração
Deixou ou não de sofrer

E assim em cada braçada
Fico parada, dolente
Pois sei que esta estrada
Me vai matar lentamente

E ao olhar o horizonte
Descubro algo a brilhar
Será um rio, uma fonte
Que me está a chamar

E a cada passo que dou
Dispara o meu sentir
Desconheço onde estou
E onde me vou dirigir

Fechei os olhos e abri
Sem querer acreditar
Que eras o rio que aqui
P'ra mim estava a brilhar

És a minha gota d'água
Que deslizou no meu ser
Enterrou a minha mágoa
E me ensinou a viver.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

VAGUEIO NA ESCURIDÃO



Vagueio na escuridão
Na tortura do sentir
E perco a minha razão
Ao querer sonhos abrir

Dou asas ao pensamento
E corto-as à minha dor
Mato à fome o tormento
P'rá alimentar o amor

Adorno de luz e cor
Os meandros d'agonia
Salpico a alma e a dor
Com orvalho e luz do dia

Mas como está a sofrer
Não me quis mais escutar
Saíu à porta a correr
P'rá rua foi vadiar

Adormeceu ao relento
A minha alma pateta
Foi levada pelo vento
P'rá alma de um poeta

Recusa-se a acordar
Continua a dormir
E diz que só vai voltar
Quando o poeta cortar
As amarras do sentir.

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A JANELA DA SAUDADE



Deixei à porta a saudade
À janela a minha dor
E voltei à mocidade
À procura do amor

Corri ruas, estradinhas
Onde outora vivi
Desfizeram-se as casinhas
A rua não conheci

Fui à procura dos sonhos
Que tinha na mocidade
Vi pesadelos medonhos
E só résteas de saudade

E a fonte que outrora
A minha sede matou
Nem a água já lá mora
Pois de cansada secou

Acordei com a lua bela
A afastar minha dor
Pôs a saudade à janela
Armada em cinderela
P'ra te beijar meu amor.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

É NOITE



É noite na minha alma e o meu sentir desperto
vagueia na procura de uma qualquer claridade.
Dispo-me da amargura contida e banho-me na doçura
de uma brisa que teima beijar-me a tez.

Amanhece em mim.
O Sol brilha, deixando transparecer a luz
que entra, formando brechas na parede da escuridão.

Não dei conta dos passos leves no sentir
que a brisa em mim desvanece.
Volto a ficar despida e, no silêncio de uma saudade,
abraço as tuas palavras, que escorrem em mim
como sorrisos doces.

É noite. Embora a escuridão persista,
a minha alma clareia na luz da tua doçura.
Suave vendaval de emoções, onde me deito,
para adormecer em mim o teu e o meu sentir.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

QUERO



Quero fugir de mim não ser mais eu.
Quero olhar-me ao espelho, sem ver nele reflectida, toda a dor e toda a angústia de uma vida sem rumo.

Quero ver nascer o Sol no horizonte, e nele sentir todo o amor e toda a esperança que não tive.
Quero ler no vazio do meu ser, a dor que me vai na alma.

Quero gritar bem alto aos quatro ventos, a migalha que hoje sou.
Quero amar perdidamente, até agarrar toda a palavra e, nas minhas mãos abertas, esmagá-la contra o peito, dos que não sabem amar.

Quero ser ódio, amargura, tristeza, alegria,
Quero ser morte, quero ser vida,
Quero ser mulher perdida.
Quero ser tudo, tudo!

Só não quero ser quem sou...

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

COM A LUZ DO TEU CORAÇÃO



Com a luz do teu coração
Meu sentir iluminei
E com as pedras do chão
A saudade apedrejei

Fechei à chave a amargura
A cadeado, minha dor
Fiz um berço prá ternura
E um ninho pró amor

A químico então passei
O desenho do teu ardor
E dele então roubei
Muito carinho e amor

Em peso pró alto mar
Carreguei a solidão
E bem à luz do luar
Abandonei-a então

Lá deixei horas sombrias
Juntinho com a solidão
E agora guarneço os dias
A construir alegrias
Com a luz do teu coração.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

QUERIA


Queria sonhar acordada
P'ra ver o tempo parar
Percorrer aquela estrada
Que eu nunca ousei andar

Queria ter o direito
Ao amor e ao carinho
Cortar amarras do peito
Ter seguido outro caminho

Ter força p'ra deitar fora
O que me causa amargura
E ver o romper d'aurora
Nas asas da tua ternura

Queria ver nascer o sol
Deitada no areal
Envolta no teu lençol
Provar assim o teu sal

E quem um dia me feriu
Eu queria tanto odiar
E até quem me pariu
Queria ter direito a amar

Queria sentir teu calor
Nos teus beijos navegar
Mas já não sei meu amor
Se tenho amor p'ra te dar.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

ESTRADA DA VIDA


Estrada que á partida
Comandas por tradição
A minha história de vida
Meu sentir, meu coração

Nunca me deste a escolher
Se amor materno eu queria
Mas obrigaste-me a querer
Amargura a cada dia

Semeaste dentro de mim
Tanta, mas tanta amargura
Foi controverso enfim
Pois só cresceu a ternura

Feriste este meu sentir
Me atiraste á solidão
Mas dela consegui saír
E salvar meu coração

Deste-me rimas marcadas
Deste-me prosa em vão
Sem rima eu não sou nada
Em prosa sou solidão

E desta estrada da vida
Levarei para recordar
Ser mãe, a mais querida
A lembrança mais vivida,
Um doce amor e o mar.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

FANTASIA DA VERDADE



Fantasiei a saudade
Mascarei-a de doçura
Depois vesti a maldade
Com lacinhos de ternura

Mascarei a solidão
E dei-lhe por companhia
Um belo de um coração
Que um poeta não queria

Á morte vesti-a de vida
Dei-lhe dias p'ra contar
E até dei à despedida
Uma chegada ao luar

Vesti então a ousadia
De sonhos que não são meus
Maquilhei a luz do dia
Com a luz dos olhos teus

Desfiz na água do mar
O mel, da tua doçura
Tomei banhos p'ra ficar
A transbordar de ternura

Quis mascarar-me por fim
E vi que na realidade
Estou mascarada de mim
Fantasia da verdade.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

ACORDA-ME PARA A VIDA




Perdi a rima na tua procura
e, nas asas de um sonho lindo, vi-te delirante
na prosa de mim.

Desci o vale encantado do teu corpo
e nele semeei a minha ternura.
Plantei lírios de desejos
nos teus olhos, em ondas feitas loucura
e reguei-as com a seiva
da minha ousadia.

Rebentei o sonho
e extravasei as marés de mim.
Cortei as amarras do meu querer
e, para ti, incendiei o vale dos meus desejos.

Abri os meus braços
ao vazio deste meu sentir
e neles te recebi em extase e emoção.
Se acaso é verdade, adormece-me a alma.
Mas se é sonho, então amor, acorda-me para a vida.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

QUEM SOU?


Pergunto-me quem eu sou
O que é que eu faço aqui
D'onde vim, p'ra onde vou
Porque ainda não parti

O porquê desta procura
Eu não encontro a razão
Navego na minha ternura
Nas ondas do coração

Das pedras deste caminho
Fiz amor para te dar
E de todo o teu carinho
Eu passei a respirar

Sou espelho da ilusão
Na pequenez do meu ser
Ou sou só um coração
Que sem ti não sei viver

Sou sonho que não vivi
Gémea de mim, desigual
Ternura que vejo em ti
Meu condimento, meu sal

Sou ave que em viagem
Procura o entardecer
Ou talvez uma miragem
Na aridez do meu ser.

Rosa-branca

terça-feira, 7 de setembro de 2010

NO CALOR DOS BRAÇOS TEUS



No calor dos braços teus
Quero viver e sonhar
E nos carinhos dos meus
Quero que escutes o mar

Juntinho ao teu coração
Fecho os olhos p'ra não ver
A loucura que a paixão
Deixa meu corpo a arder

Navego na minha ousadia
Desfigurando o sentir
Dedilho com alegria
O teu corpinho a dormir

Acorrento minhas marés
Só para tu não saberes
Que te quero, como és
Mesmo sem nada escreveres

Mas foi nesse teu sentir
Que a minha alma lavei
E vi meu desejo a abrir
Com ardor que nem eu sei

E na lareira dos sentidos
Eu vou arranjar maneira
De viver sonhos perdidos
Contigo nessa fogueira.


segunda-feira, 30 de agosto de 2010

NOS TEUS LÁBIOS DOCE MEL



Perdi-me na tua doçura
Nos teus lábios doce mel
E dos meus sonhos de papel
Eu fiz, carinhos ternura

Dos teus cabelos fiz laços
P'ra te enlaçar com ternura
Naveguei nos teus abraços
E desfiz a amargura

Deixei á porta esquecida
A dor e a minha saudade
E na minha alma perdida
Encontrei minha verdade

Cheguei até a esquecer
Que os olhos sabem chorar
Que alguém me fez sofrer
E até que deixei de amar

E neste estranho ensejo
Em contradição eu te espero
Quero-te e não te desejo
Desejo-te e não te quero.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

NAS ONDAS DA MADRUGADA



Nas ondas da madrugada
Velejei até mais não
Numa saudade ancorada
Dentro do meu coração

Vesti as ondas do mar
Com vestes do meu lamento
Naveguei no firmamento
Até o Sol acordar

Em sonhos feitos espuma
Eu lavei o meu sentir
Fiz confidências à bruma
Para mais ninguém ouvir

E na fragancia do mar
Dissolvi minha amargura
Lavei também o olhar
No sal da minha ternura

Mas se á noite eu chegar
Sem mágoas e com ardor
Á praia te vou esperar
Pois quero ver o luar
Nos teus braços meu amor.

sábado, 21 de agosto de 2010

CANTEI-TE UM FADO



Cantei um fado p'ra te dedicar
Mas sabia que logo à partida
Quando eu começasse a cantar
Tu estarias logo de saída

Com mágoa vou vivendo o dia a dia
A pensar sempre em ti, mas que tormento
Na alma já não entra a alegria
Saudades nem sequer as quer o vento

E assim vou vivendo na ilusão
Mesmo a chorar a alma ainda canta
E as mágoas que padece o coração
Á noitinha sobem à garganta

No rio a minha alma vou lavar
Não quero pensar em ti assim mais não
E com os enleios do meu penar
Eu vou amarrar meu coração

As cordas à viola eu roubei
Á guitarra tirei o seu trinar
E nunca mais o fado cantarei
Se não estiveres amor p'ra me escutar.

terça-feira, 10 de agosto de 2010

TEMPO



Tempo que habitas em mim
Só p'ra me fazeres esperar
Corróis-me a alma, no fim
Meu tempo não vais matar

Cantas nas horas sombrias
De manhã e ao entardecer
Choras pelas alegrias
Só p'ra me fazeres sofrer

Passas por mim passo a passo
Distante e sem me olhar
Tens medo que meu desembaraço
Te obrigue tempo a passar

Ficas parado no tempo
A sentir a brisa no prado
Não vês que é meu tormento
Estares tanto tempo parado

Mas tenho que te apressar
Porque o que quero e anseio
É tão grande que receio
A tempo eu não chegar

Anda, corre com fulgor
Quero-te breve e assim
Para eu vêr o meu amor
Depois de passares por mim.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

AMEI DEMAIS A SAUDADE


 Amei demais a saudade
Dei-lhe meu porto d'abrigo
E agora por maldade
Ela anda sempre comigo

Quero demais esquecer
A dor e o sofrimento
Mas ela insiste em fazer
Da minha alma tormento  


Pedi ao Sol e ao vento
Dei-a ao mar por caridade
Mas o mar não quer saudade
Já tem saudades da lua

Deitei-a ás pedras da rua
Zangada me fez lembrar
Que saudade é p'ra guardar
Não precisa deitar fora

Partiu, foi borda fora
Em águas, foi navegar
Me disse que ia voltar
Não era grande a demora

E antes de se ir embora
Me pediu com muito ardor
P'ra quando o navio chegar
Á praia a fosse esperar
Pois me traz o meu amor.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

NAS ASAS DA MADRUGADA



Na penumbrada saudade
Escrevi o meu sentir
Colhi flores por abrir
E me encostei à quimera

Despertei na Primavera
Com leve brisa no rosto
Fui admirar o sol posto
Na esperança de te vêr

Vi meus sonhos a correr
As ilusões a voar
E fiz castelos no ar
Como nunca ousei fazer

Então esqueci o sofrer
A dor e a nostalgia
Naveguei na ousadia
E vi-te então chegar

Vinhas vestido pr'ámar
Trazias nos olhos doçura
E eu me vesti de ternura
Só para te receber

Com o meu sentir a arder
Fiquei louca, extasiada
Sem procurar, sem saber
Eu vi-te amor a nascer
Nas asas da madrugada.

sábado, 17 de julho de 2010

NAS ONDAS DA MINHA ILUSÃO



Numa cadeira vazia
Me sentei à beira mar
Tomei banho de luar
Na secura da maresia

Esperei romper o dia
Dei asas ao pensamento
No mar lavei o tormento
Nas ondas da nostalgia

Também deitei a saudade
O sonho e a desilusão
Com eles fiz um porão
Para compor teu navio

Nas ondas do mar vadio
Eu deixei os meus desejos
A saudade dos teus beijos
Debruados com calor

E no teu cais, ao sabor
Dum vento, talvez suão
Eu te espero meu amor
Nas ondas da minha ilusão

segunda-feira, 28 de junho de 2010

S. PEDRO BLOGAGEM COLECTIVA DO BLOG ZAMBEZIANA



Ó meu santo popular
Sempre foste o terceiro
Vais ter mas é que jogar
Para ficares em primeiro

Á batóta ou á sardinha
Qualquer um podes jogar
Para ficares em primeiro
Nos próximos populares.

S.Pedro tenho uma ideia
Já que tu és o porteiro
Recebe aí por inteiro
A malta da assembleia

Mas peço-te que lhes dês
Um castigo e bem danado
De terem o móni por mês
Que aqui tem o reformado

Queria vê-los a gerir
Essa tão magra mesada
Calçar, comer e vestir
E ainda dar para a casa

Mas mesmo assim os danados
Ainda estão em vantagem
Não gastam nem na viagem
E ainda são "honrados"

Ó meu santo padroeiro
Eu p'ra mim quero pedir
Que não me deixes partir
Sem me avisares primeiro

Tenho coisas p'ra levar
E outras para fazer
Os tecidos p'ra bordar
E quadras para escrever

Pois quando aí der entrada
Eu não me quero encontrar
Com essa seita danada
Que só come e não faz nada
E ainda lhes estão a pagar.

S. Pedro és o porteiro
E tens as chaves na mão
Abre a este mundo inteiro
As portas do coração.


S. Pedro, discípulo de Jesus, também entregou a sua vida pelo Seu Mestre. Caminhou com Cristo, sendo um simples pescador foi escolhido par guiar a Igreja nascente. Vacilou e negou-O, mas reconhecendo a sua fragilidade professou novamente o seu amor: “Tu sabes tudo, Senhor, bem sabes que Te amo!”

Três Santos. Três homens iguais a tantos outros. Três pessoas de situações sociais e económicas diferentes, bem como de diferentes níveis culturais e académicos. Contudo, três homens unidos no mesmo Amor, marcados e apaixonados pelo mesmo Jesus. Podendo valerem-se das suas condições, viveram com simplicidade e humildemente. Três dos Santos mais venerados por toda a Igreja e mais respeitados em todas as culturas e mesmo pelas outras religiões. Três homens que são para nós exemplo e estímulo para vivermos a Santidade que recebemos no Baptismo. Talvez por isso eles sejam tão populares entre nós: porque sendo do povo, nos indicam Aquele que deu a Sua Vida pelo Povo. O Acólito tem nestes três homens a grande força e exemplo do seu serviço, dedicação e amor à Eucaristia.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

S. JOÃO- BLOGAGEM COLECTIVA DO BLOG- ZAMBEZIANA










Ó meu rico S. João
Ó meu santo padroeiro
Não me deixes acabar
O moni o ano inteiro

Ó S. João que és tripeiro
Bom rapaz, nestas andanças
Vê se me arranjas dinheiro
Para pagar ás finanças

P'ra pagar ao merceeiro
E até ao homem do talho
Á farmácia e ao padeiro
E dá-me também trabalho

Trabalho p'ra distribuir
A uns quantos, seita danada
Que estão sem fazer nada
No parlamento a dormir

Dá-me também uns tostões
Para a auto-estrada pagar
Que eles são tão comilões
Que só nos querem roubar

Arranja-me um jumento
Para eu me deslocar
Quero ir ao parlamento
P'rós ministros aviar

Aviá-los mas a preceito
Alisar-lhes os chacis
P'ra ver se pôem direito
O nosso pobre país.

Ó meu santo padroeiro
Para que queres um andor
Se te deram um carneiro
É porque tu és pastor.

Ó S. João do presente
O que te peço é profundo
Cura lá quem está doente
E dá paz a todo o mundo.

Festas Populares

S. João do Porto, eremita natural do Porto, ( séc. IX ), viveu a sua vida eremítica na região de Tuy, em frente a Valença, tendo sido sepultado em Tuy. No séc. XVII ainda aí se conservavam as sua relíquias, de grande veneração entre os fieis, que acreditavam que S. João os salvaria das febres. Diz a tradição , que a cabeça de S. João do Porto, foi trazida pela Rainha Mafalda no séc. XII, para a Igreja de São Salvador da Gandra e que parte dessa relíquia teria sido levada para a capela da " Santa Cabeça ", na Igreja de N ª Sra. Da Consolação, na Cidade do Porto. O facto da sua festa se ter celebrado a 24 de Junho talvez explique o facto de ter o seu culto sido absorvido pelo de S. João Baptista, cujo nascimento ocorreu no mesmo dia 24 de Junho e a que o povo dedicou através dos tempos forte devoção e grandes festas, mantendo-se ainda hoje muito viva a tradição das fogueiras de S. João de origem muito antiga, ao mesmo tempo que substituíam as festas pagãs do solstício.

Festas de forte caris popular, o S. João do Porto é uma festa que nasce espontaneamente, nada se encontra combinado, embora a festa se vá preparando discretamente durante o dia, é normalmente depois do jantar, constituído por sardinhas assadas, batatas cozidas e pimentos ou entrecosto e fêveras de porco na brasa, acompanhadas de óptimas saladas , jantar obviamente regado com vinho verde ou cerveja, mais modernamente. Findo o jantar, os grupos de amigos começam a encontrar-se, organizando rusgas de S. João, como são chamadas. As pessoas muniam-se de alhos pôrros e molhos de cidreira , actualmente as armas, são outras, mudaram para martelos de plástico, duros e ruidosos, mas que acabaram por ser bem aceites e hoje já fazem parte da tradição, Há alguns anos atrás, o S. João limitava-se a uma área da cidade que era constituída, pelas Fontaínhas ( Ponto nevrálgico ), R. Alexandre Herculano, Praça da Batalha, R. Santa Catarina, R. Formosa ou R. Fernandes Tomás, R. de Sá da Bandeira, R. Passos Manuel, Praça da Liberdade, Av. dos Aliados, R. dos Clérigos, Praça de Lisboa, e no retorno, subindo-se a R. de S. António, estava praticamente concluído o percurso obrigatório. A par deste percurso, que juntava para cima de meio milhão de pessoas, que tornavam as ruas pejadas de gente, e onde não há atropelos, as zaragatas são de imediato sustidas pelos populares, os beligerantes rapidamente selam a paz com mais um copo e uma pancada de alho pôrro de amizade. O S. João do Porto é uma festa onde ricos e pobres convivem uma noite de inteira fraternidade e onde a festa é constante. Nos bairros, a festa continua e as comissões organizadoras de cada uma mantém o baile animado até altas horas da madrugada. No tempo áureo do alho pôrro quem chegasse ao Porto vindo de fora, estranharia o odor espalhado pela cidade...efectivamente ela cheirava a alho.



Nos dias de hoje, o S. João espalhou-se pela cidade, além do seu palco tradicional, estendeu-se até a Ribeira, ás Praias da Foz , á Boavista e por ai fora. Vai as discotecas, aos pubs e bons restaurantes. Tornou-se mais cosmopolita e em alguns casos mais selectivo . Modernizou-se, sofisticou-se e de certa forma, acompanhou os tempos ,até penso que se tornou mais jovem.

Mas muita da tradição ainda se mantém: Em barracas ou espalhados pelo chão lá estão os manjericos ( Planta tradicional do S. João ) , as tendas das fogaças, as farturas, o algodão doce, as pipocas, as barracas da sardinha assada e dos comes e bebes. Os matraquilhos, os carroceis, as pistas dos carros. As tendas de venda das louças de barro, das cutelarias, o tiro ao alvo e as tômbolas. Durante toda a noite, centenas de balões são lançados e muito fogo de artificio particular é queimado, pela meia-noite o tradicional fogo de artificio da Câmara Municipal, faz sempre furor pela sua beleza. No fim e já alta madrugada é ver os foliões procurarem as padarias onde o pão acabado de fazer e ainda quentinho vai confortar as barrigas para um merecido descanso.



A História de um Feriado

( Texto original, publicado na Revista Ponto de Encontro de Julho de 2001 )


Os festejos de S. João na cidade do Porto são já seculares e a origem desta tradição cristã remonta mesmo a tempos milenares. Mas foi só no século XX que o 24 de Junho passou a ser feriado municipal na Invicta, proporcionando um merecido dia de folia a milhares de tripeiros. E tudo graças a um decreto republicano e a um referendo aos portuenses, promovido pelo Jornal de Notícias. A história é curiosa e mostra o protagonismo que, já na altura, a Comunicação Social tinha no modus vivendi urbano. Estávamos em Janeiro de 1911 e a República Portuguesa dava os primeiros passos. A monarquia tinha sido destronada apenas três meses antes, com a revolução de 5 de Outubro de 1910. O Governo Provisório da República assumia a governação do país e, desde logo, começava a introduzir mudanças na sociedade portuguesa que espelhavam, muito naturalmente, os ideais da nova ordem republicana. Numa tentativa de implementar a nova ordem junto da população, o Governo Provisório redefiniu os dias feriados em Portugal. Por decreto, a República instituiu como feriados nacionais o 31 de Janeiro (primeira tentativa - falhada - de revolução republicana, em 1891, no Porto), o 5 de Outubro (instauração da República) e o 1º de Dezembro (restauração da independência em 1640), para além do Natal e do Ano Novo. Mas o mesmo decreto impunha, a cada município do país, a escolha de um dia feriado próprio: "As câmaras ou commissões municipaes e entidades que exercem commissões de administração municipal, proporão um dia em cada anno para ser considerado feriado, dentro da area dos respectivos concelhos ou circumscripções, escolhendo-os d'entre os que representem factos tradicionaes e característicos do município ou circumscripção". E foi com este propósito que a Comissão Administrativa do Município do Porto reuniu a 19 de Janeiro de 1911. Segundo o relato do Jornal de Notícias, o "velho e conceituado republicano, sr. Henrique Pereira d'Oliveira" logo sugeriu a data de 24 de Junho para feriado municipal. O facto não causa espanto. Afinal de contas, o S. João era, já na altura, uma festa com longa tradição na cidade do Porto. A primeira alusão aos festejos populares data já do século XIV, pela mão do famoso cronista do reino, Fernão Lopes. Em 1851, os jornais relatavam a presença de cerca de 25 mil pessoas nos festejos sanjoaninos entre os Clérigos e a Rua de Santo António e, em 1910, um concurso hípico integrado nos festejos motivou a presença do infante D. Afonso, tio do rei (a revolução republicana apenas se daria em Outubro).

Referendo popular

Contudo, a sugestão de Henrique d'Oliveira de eleger o S. João como feriado municipal da Invicta foi contestada por outros membros da Comissão Administrativa do Município do Porto, que mostraram opiniões diversas. Foi então que "o sr. dr. Souza Junior lembrou, inspirado n'um alto princípio democrático, que não devia a Commissão deliberar nada sem que o povo do Porto, por qualquer forma, se pronunciasse em tal assumpto". Para solucionar o imbróglio, o Jornal de Notícias dispôs-se a organizar um surpreendente referendo popular para escolher o feriado municipal. Logo no dia 21 de Janeiro, somente dois dias após a reunião da Comissão Administrativa, foi colocado na primeira página do jornal o anúncio da "Consulta ao Povo do Porto", explicando toda a situação e a forma de participação. As pessoas teriam que enviar, até ao dia 2 de Fevereiro, "um bilhete postal ou meia folha de papel dentro de enveloppe" para a redacção do jornal, com a indicação do dia de sua preferência. E, para recompensar o trabalho dos leitores, o Jornal de Notícias oferecia "dez valiosos premios" - o mais valioso era de 10 mil réis, cerca de cem escudos - a serem sorteados de entre todos aqueles que votassem no dia eleito. Nos dias seguintes, o Jornal de Notícias fez o relato diário da emocionante votação. A vitória foi quase só discutida entre o dia de S. João, já com larga tradição na cidade, e o 1º de Maio, Dia do Trabalhador, a que não será alheio o facto de a cidade do Porto ser considerada "a capital do trabalho". No dia 22 de Janeiro já se davam conta dos primeiros resultados: "a votação de hontem, que foi grande, dá maioria ao 1 de Maio, seguido pelo 24 de Junho (S. João) e N. S. Conceição [8 de Dezembro]". No dia 24 - o Jornal de Notícias não foi publicado no dia 23, segunda-feira, porque o matutino encerrava ao domingo! -, deu-se uma reviravolta nos resultados: o 24 de Junho trocava de lugar com o 1º de Maio, ficando na posição de mais votado. Porém, a 25, num dia em que "a votação cresceu imenso", o 1º de Maio quase passava novamente para a liderança da votação. Mas foi no dia 26 de Janeiro que o resultado da votação começou a ficar definido, ao que muito se deve a forte participação popular do dia anterior, como relata o Jornal de Notícias desse dia: "Só hontem vieram tantos votos como em todos os dias anteriores. O dia de S. João tem enorme maioria. O dia 1 de Maio já está muito em baixo". E, a 27, o próprio jornal já dava como certo o vencedor: "Positivamente o dia mais votado é o de S. João. O dia 1 de Maio fica muito para trás. Augmenta bastante o de N. S. Conceição". Durante os dias seguintes foram publicados os resultados provisórios diários, sem que tivesse havido alterações de maior no sentido de voto dos portuenses. Até que, a 4 de Fevereiro de 1911, foram publicados os totais finais da consulta popular: o dia 24 de Junho foi o mais votado, com 6565 votos, seguido pelo 1º de Maio, com 3075 votos, o dia de Nossa Senhora da Conceição, com 1975 votos, e o dia 9 de Julho, com oito. "Ficou, pois, vencedor o dia de S. João que é aquele que o povo do Porto escolhe para ser o de feriado municipal". Só não se sabe se o vencedor do sorteio chegou a receber os seus 100 escudos, pois registada só ficou a promessa de que "o sorteio dos 10 prémios a que esta consulta dá lugar far-se-á em um dos próximos dias"...

Texto originalmente publicado na revista "Porto de Encontro", Julho de 2001.

Deixo aqui um convite para quem nunca visitou o Porto nesta altura. Venha, apareça, seja bem vindo, dia 23 pela tarde pois a festa começa na véspera . O S. João é uma festa sem igual e garanto-lhe uma noite bem divertida e diferente. VIVA O S. JOÃO.

terça-feira, 15 de junho de 2010

SAUDADE




Agarrei no meu pincel
Para a saudade pintar
Fui pintá-la cor de mel
Pois queria-a adocicar

Mas essa cor não gostei
Pintei-a de azul marinho
E a seguir de verdinho
Novamente a cor errei

Uma a uma fui tentar
Lilás, vermelho, amarelo
Até de branco singelo
Do verde do teu olhar

Mas sentir saudade é dor
Que vem marcar-nos na vida
Saudades de uma partida
Pedaços, lembranças d'amor

De a colorir desisti
Sem cor ela então ficou
A tinta não agarrou
Depois do que descobri

Descobri, que é transparente
Querer pintá-la é loucura
Saudade é um presente
De quem partiu, está ausente
Não precisa de pintura.

É para ti querido irmão
As palavras que pintei
Sabes que meu coração
Mudou de cor desde então
A cor dele, nem eu sei.

sábado, 12 de junho de 2010

SANTO ANTÓNIO- BLOGAGEM COLECTIVA







Santo António de Lisboa
Ó meu santo padroeiro
Dá-nos saúde da boa
E também algum dinheiro

Dá-nos também paciência
P'rós politicos aturar
Descontração e clemência
Prós ouvir cacarejar

Arranja também uns fatitos
Para toda a assembleia
Porque eles coitaditos
Não ganham nem para as meias

Santo António dou-te pontos
Se tu conseguires acabar
Com os fatos de 500 contos
Que estamos a pagar.

Santo António quem te deu
Essas flores, as açucenas
Sabia decerto das penas
Que teu coração acolheu

Te ofereceu um menino
E és dos santos primeiro
E deu-te como destino
O santo casamenteiro.

Ó meu santo Antonino
Pergunto-te com embaraço
De quem é esse menino
Que tu carregas no braço

Mas também quero saber
Porque é, qual a razão
Que no S. Pedro e S. João
Tu não queres aparecer

Anda vem, traz o menino
Para a fogeira saltares
Que este mês, o junino
É dos santos populares

Um último pedido a fazer
Eu te imploro docemente
Mata a fome a toda a gente
Que nada tem p'ra comer.

Postagem colectiva do blog zambeziana da amiga Graça.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

RENASCER

Despiste-me a nostalgia
E vestiste-me a ternura
Fizeste romper o dia
Onde havia noite escura

Pintaste a minha amargura
N'um degradê de emoção
Esculpiste o meu coração
Qual estátua de marfim

Renovaste então em mim
Meus anseios, meus desejos
Cobriste-me até de beijos
E me fizeste sonhar

Me disseste que p'ramar
Pode vir ao amanhecer
Ou então n'um entardecer
Pois não tem data nem hora

E nos meus sonhos d'outrora
Que eu não te ouso dizer
Mesmo que tenha demora
Eu vou esperar a aurora
Para em ti amor renascer.

segunda-feira, 31 de maio de 2010

SE TU FOSSES UM FAROL



Se tu fosses um farol
Decerto não me perdia
Brilhavas, mesmo sem sol
No nevoeiro eu te via

Ao vento que te seduz
Tu dirias p'ra me dar
Um pouco da tua luz
Para a minh'alma brilhar

Ao sol que te encandeia
Pedirias seu calor
Para me dares amor
Nas noites de lua cheia

Ao longe, junto do mar
Me mandavas um sinal
Para eu atravessar
E ir provar o teu sal

Voarias com o vento
Com asas de luz e côr
Guiarias com fervor
Ao leme, meu barco lento

Serias a minha luz
Meu reflexo, minh'imagem
A alma que me seduz
A sede d'uma miragem

Sem seres farol,nem nada
Sem brilho, talvez sem côr
Eu me perdi meu amor
Na tu'alma iluminada.

terça-feira, 25 de maio de 2010

ABRI A MINHA JANELA



Abri a minha janela
Para entrar o luar
Entrou a lua mais bela
E á cama me foi beijar

A seguir entrou a brisa
Docemente a saltitar
Apanhou-me sem camisa
E me fez arrepiar

Quis entrar a alegria
A tristeza não deixou
A seguir a agonia
E a janela se fechou

Voltei a janela a abrir
Dei de caras co'a saudade
Deixei a agonia partir
E fiquei mais á vontade

Então entrou o amor
Incrédula, nem me mexi
Tão belo e sedutor
Que a ele não resisti

E na bela madrugada
A porta entreabri
Deixei a janela fechada
E, docemente adormeci.



segunda-feira, 17 de maio de 2010

NA CORTINA DOS MEUS SONHOS



Na cortina dos meus sonhos
Nas águas sempre correntes
Há sonhos de amor presentes
E há pesadelos medonhos

Há desamor, nostalgia
Em ondas feitas espuma
Na sombra daquela bruma
Que se desfez com o dia

Há silêncio e há saudade
Dum passado que foi meu
Das mágoas sem idade
E dum amor que morreu

Há cansaço de um viver
Que me faz cansar da vida
Sentimentos a perecer
Rasgos de vida vazia

Mas algo guardo no peito
Esse, não morreu pela raíz
Um sonho embora desfeito
Saber se tenho direito
De amar e ser feliz.

terça-feira, 11 de maio de 2010

ANDEI Á MINHA PROCURA



Andei á minha procura
P'las ruas onde nasci
Percorri minha amargura
Da procura, nada vi

Fui procurar na alegria
No sonho, no sofrimento
Só encontrei foi tormento
De sonhos estava vazia

Então passei p'la saudade
P'la rua e p'lo meu jardim
Perguntei á mocidade
Se havia sinal de mim

Fui aos sonhos de criança
Mas sabia de antemão
Que qual fosse a lembrança
Me feriu o coração

Andei á deriva no mar
Destas minhas ilusões
Mas só sofri decepções
Pois não me fui encontrar

E nesta procura de dor
De tanto procurar enfim
Encontrei-te meu amor
No que restava de mim.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

NA PRAIA DESERTA



Na praia deserta, eu digo-te adeus
Nas ondas do mar, envoltas em espuma
Eu deixo os beijos, os meus e os teus
E as nossas carícias, entrego-as á bruma

Em sonhos perdida, nessa imensidão
Percorro a maré, á tua procura
Navego nas ondas do meu coração
E cedo a minh'alma á tua ternura

E quando á noitinha estiver à janela
Á lua eu vou, deixar meus desejos
Te vai entregar da tua cinderela
Carícias amor e até os meus beijos

E quando de manhã a aurora chegar
Na cama deitada, sem o teu calor
Navego nas ondas do teu acordar
E acordo sonhando contigo amor.


sábado, 1 de maio de 2010

GOSTO




Gosto dos sonhos lavados
Com a água do teu mar

Teus cabelos penteados
Nos meus dedos a deslizar

Gosto da maré vazia
Da chuva, do pôr do sol
Do carvalho, da maresia
Enleada n'um farol

Gosto da chuva a caír
Das estrelas, do luar
D'uma criança a sorrir
E das ondinhas do mar

Da brisa da ventania
A bater leve no rosto
Da alegre sinfonia
Das gaivótas ao sol posto

Gosto da flor campestre
Pintada, mas sem pincel
De transformar o agreste
Em doçura como o mel

E gosto da nostalgia
Embora me faça sofrer
Do sol, da luz do dia
E até do anoitecer

Gosto até do horizonte
Colorido e multicor
Das silvas e água da fonte
E dos versinhos d' amor

Gosto do frio do calor
Dos livros que ninguém lê
E gosto de ti amor
Embora não saiba porquê.

domingo, 25 de abril de 2010

CANTO



Canto o Sol, canto a lua
Canto as estrelas, o mar
E choro as pedras da rua
Pois todos as vão pisar

Canto a paz e a alegria
E até canto à saudade
Choro com a nostalgia
Com a dor e a maldade

Vou cantar á amizade
Á doçura e ao Prazer
Mas choro a caridade
Quem não tem para comer

Prás crianças que na terra
Têm tudo vou cantar
Mas choro ás que na guerra
Morrem, ou ficam sem lar

Á liberdade e ao amor
Sem ter voz eu vou cantar
Ás mágoas da minha dor
Sem lágrimas, vou chorar

E a ti que eu quero tanto
Não rio, não vou chorar
Abraço-te, doce encanto
Para a seguir, te beijar.

terça-feira, 20 de abril de 2010

NESTE MEU RIO



Neste meu rio de dor
Eu fechei meu coração
Perdi-me na imensidão
Destes meus sonhos d'amor

Envolta em nostalgia
A minha alma cansada
Viveu sempre amargurada
Quer fosse noite ou dia

Mas um dia lindo, belo
Ao olhar p'ró meu jardim
Dei com um lírio amarelo
Que abria, só para mim

Então pensei encantada
Que até podia ser meu
Vi nele aquela balada
Que nunca ninguém escreveu

Mas ilusão é tormento
E o tormento faz dor
Este lírio é como o vento
Belo, livre e sonhador

E suas palavras de amor
Seus modos de encantar
Fechou meu rio de dor
Fez do meu coração, traidor
E ainda me faz sonhar.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

QUADRAS SOLTAS



Risco os sonhos, sonhando
Risco saudades, partidas
Sem lápis eu vou riscando
As mágoas da minha vida.

No meu destino, sem norte
Neste caderno sem par
Eu traçei a minha sorte
Nas linhas do meu penar.

Eu dissolvi a amargura
No rio, na água corrente
Tento fazer de mim gente
Plantando na alma ternura.

P'ró cimo d'uma colina
Atirei o meu olhar
Joguei os sonhos no ar
E voltei a ser menina.

Quem pensa que leva sempre
A água ao seu moínho
Esquece que a água corrente
Também fica p'lo caminho.

Mói o trigo, faz farinha
O moínho sempre a rodar
Assim roda a minha vida
Á volta do meu penar.


Passaram os dias, loucura
Não vi o tempo a passar
Agora eu ando à procura
Dos dias para contar.

Cai a chuva miudinha
Vai caindo até mais não
P'ra lavar a alma minha
Em lágrimas de solidão.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

SE EU TIVESSE UM AMOR




Se eu tivesse um amor
Decerto seria o vento
Ele enxuga meu lamento
E acalma a minha dor

Me diz, que com teu amor
Eu passo a vida a sofrer
Mas eu, não tenho querer
Pois só o meu coração
Me diz quem quer ou não
E assim me obriga a viver.

Em sonhos, o meu querer
Nos dias de nostalgia
Te amava com alegria
Me deitava no teu leito
Enroscada no teu peito
Te amava até ser dia

Sem mágoa, sem nostalgia
Sem lamentos, sem dor
Se eu tivesse um amor
Era a ti vento, que eu queria.

sábado, 3 de abril de 2010

SELOS DE OURO



SELOS DE OURO

O querido amigo Mário do blog PALAVRAS QUE FALAM teve a gentileza de me oferecer este selo de ouro o qual agradeço do fundo do coração. Beijinhos com muito carinho

Este selo tem como regras:

1 - Indicar, PELO MENOS 5 outros blogs;
2 – Avisar aos blogues, que foram indicados como preferidos.
3 - Criar uma frase com a palavra "ouro"
Como não gosto de regras, (que me perdoe o amigo Mário) ofereço assim a todos os meus amigos que queiram leva-lo. Beijos para todos com muito carinho.

A FRASE

Há coisas no o mundo que não têm preço. Nem todo o ouro do mundo as paga. O amor, a amizade e o mais essencial e valioso: A própria vida.

quarta-feira, 31 de março de 2010

RASGUEI A CORTINA DOS MEUS SONHOS



Rasguei a cortina dos meus sonhos
E vi despontar o Sol no horizonte
Desbravei os meus desejos medonhos
Na água cristalina da tua fonte

Em ti dissolvi minha ansiedade
Só a ti eu ofereci o meu sentir
P'ra ti eu não contei minha verdade
Deste fogo que me anda a consumir.

Perdida eu continuo á procura
Do amor dos desejos por abrir
Não quero amar-te com loucura
Eu quero em mim matar este sentir

No mar o meu fogo vou apagar
Em mim o teu nome eu guardei
Num canto então vou arrumar
Os sonhos e a cortina que rasguei.

terça-feira, 23 de março de 2010

SEM VALOR




Saí do metro e então
Ali mesmo à luz do dia
Alguém estendeu a mão
Tinha fome e queria pão
Que dinheiro não queria

Estava atrasada, no entanto
Eu parei, assim que a vi
E qual não foi o meu espanto
Que ao vê-la tirar o manto
Era alguém que eu conheci

Disse-me então que sentia
Vergonha, da sua condição
Que a filha não a queria
Que dinheiro não pedia
Só pedia mesmo o pão

Na pastelaria fui entrar
P'ra satisfazer seu desejo
Comeu a sopa a chorar
A sandes a soluçar
A seguir deu-me um beijo

A minha força, quebrou
Só de a olhar, me doía
Até minh'alma chorou
Afinal onde é que vou
Nem isso eu já sabia

Sem pejo e sem ironia
Me digam então por favor
Se a idade dá méstria
Pois confere sabedoria
Porque não lhe dão valor?

Quem é que pode esquecer
De dar comida e carinho
Pois se continuar a viver
Decerto que vai percorrer
Aquele mesmo caminho.

quinta-feira, 18 de março de 2010

É PRIMAVERA NO PRADO


Brilha o Sol no horizonte
Corre o riacho mansinho
Medram as silvas na fonte
Voam os pássaros no ninho

Foge o lagarto com medo
Dos meus passos a andar
Mói o moinho seu degredo
De um vento que o faz girar

Caem as folhas velhinhas
Para assim darem o lugar
Ás novas,frágeis, verdinhas
Com força para rebentar

Anda o pastor com o gado
Pelos vales e p'las colinas
Florescem todos os prados
Nascem flores, suas meninas

No ar cheira a rosmaninho
Papoilas e malmequeres
Fogem os melros do ninho
Riem crianças, mulheres

A cada passo que eu dou
Há sempre alguém a fugir
Com certeza se assustou
Por me estar a sentir

E nessa calma vivida
Com luz e cor bem reais
Eu penso que á partida
Eles não estão de fugida
Sou eu, que estou a mais.

segunda-feira, 8 de março de 2010

NESTE DIA DA MULHER VAI UMA DANÇA? ADORO DANÇAR.



Mulher que lavas no rio
No sonho e na esperança
Conserva a alma com brio
E teus sonhos de criança

E ao tocares tal melodia
Escolhe, não uma qualquer
Que o dia será sempre dia
E tu serás sempre MULHER.

Eu quero dançar contigo
Bem juntinho ao coração
Ser o teu porto d'abrigo
Ser a mulher, e a razão

A razão para a tua vida
Aquela que tu mais queres
Para me fazeres á partida
A mais feliz das mulheres.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

EU VOU-TE AMAR DE VERDADE



Quando o Sol se esconder
E a lua não mais brilhar
Ao teu leito, eu vou ter
Quando estiveres a sonhar

Em teu corpo, eu a arder
Na chama, os meus desejos
Numa noite com prazer
E num delirio de beijos

Em sonhos de rubra cor
Em ti eu vou navegar
Na tua fonte de amor
Minha alma vou lavar

Assim ao romper d'aurora
Quando o corpo arrefecer
Esta minha alma já chora
Pelo teu corpo a arder

Mas se eu voltar a nascer
Vou-te procurar p'la cidade
Tuas linhas, eu não vou ler
Cartas, não vou mais escrever
Mas vou-te amar de verdade.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

QUEM ME DERA




Quem me dera meu amor
Ser o Sol da tua vida
Ser o teu jardim em flor
P'ra me colheres com ardor
E me beijares de seguida

Ser o sonho, a ilusão
A razão do teu sentir
E juntinho ao coração
Saborear, doce emoção
Do teu coração a abrir

Contigo então navegar
Nesse mar, que me irradia
Ver as estrelas a brilhar
Em noite de um belo luar
Nas ondas de calmaria

Ser a tua bela cinderela
Princesa do teu reinado
Á meia-noite, eu donzela
Deixo caír, a minha chinela
P'ra ti princípe encantado

Em sussurro, ouvir-te dizer
Que sou a tua primavera
Voar, nas ondas do prazer
Sentir-me em ti, renascer
Ai meu amor, quem me dera.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

NAS ONDAS DO TEU POEMA



Nas ondas do teu poema
Contigo eu fui navegar
Enterrei o meu dilema
Nas linhas da tua pena
E tive ousadia, sonhar

Sonhei, que era uma rosa
A rubra do teu jardim
Sentia-me até vaidosa
Ondulante, caprichosa
Por me escolheres a mim

Sonhei, que era o teu amor
Que não vivia sem ti
Beijavas-me, com ardor
Tu me deste aquela flor
Que eu nunca recebi

Em teu corpo, eu a abrir
Minhas pétalas derramei
Dei-te um abraço, a seguir
Fiquei a ver-te dormir
E no final, eu acordei

Na fraqueza do meu ser
Neste tão doce acordar
Eu fiquei, então a saber
Se continuares a escrever
Eu rosa, continuo a sonhar.